quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Futuro: como serão os profissionais?

O mundo corporativo enfrenta um ritmo cada vez mais intenso de mudanças – isso já não é novidade para ninguém e, todos nós, de uma forma ou de outra, já fomos protagonistas ou coadjuvantes deste momento.

Agora, como estar preparado para não ser “atropelado” por este ritmo frenético é que fará a diferença para o profissional do futuro (ou seria do presente?). Atualmente, os tempos verbais perderam a importância. Presente confunde-se com o futuro e, se queremos nos manter no mercado, temos que vivenciar também o amanhã. Estudos mostram que a quantidade de novas tecnologias tem dobrado a cada dois anos. Isso significa trabalhar planejando, organizando e traçando o futuro da sua carreira.

Diante desse cenário, é natural que haja mudança nos perfis, uma vez que o ‘profissional do futuro’ precisa trazer resultados esperados em um mercado cada vez mais imprevisível. É imprescindível a busca constante pela atualização, educação continuada e o autoconhecimento - saber suas habilidades, competências, pontos fortes - para maximizar suas potencialidades e, desta forma, trazer os resultados condizentes com a empresa. Podemos destacar algumas competências:

- Leitura de contexto e tendências;
- Priorizar os desafios;
- Saber gerir mudanças;
- Ter flexibilidade para enfrentar novos desafios;
- Trabalhar em equipe.

Além disso, a capacidade de relacionamento também é valorizada em ambientes multiculturais e de muita pressão. É por isso que muitas vezes uma experiência no exterior pode valorizar um profissional, pois ele esteve exposto a diferentes culturas e padrões de comportamento. Cultivar, constantemente, a inteligência emocional é fundamental, pois alia a capacidade de se motivar e persistir diante de frustrações, procurando conhecer e lidar com as próprias emoções.

Quando se trata de uma transição de carreira é fundamental realizar o levantamento das atividades desenvolvidas e resultados alcançados para valorizar as próprias competências, capacidades e habilidades adquiridas. Com o resultado desse levantamento, o profissional prepara-se e se posiciona corretamente no mercado, apresentando-se mais maduro e adaptável aos novos desafios, pois tem gerência sobre as suas competências, sabendo assim explorar as características pessoais e profissionais que lhe trarão mais exposição e eficiência.

Uma competência valorizada é o autodesenvolvimento: o profissional que alia suas ações de desenvolvimento às demandas da organização e ao mercado tem maiores chances de obter sucesso em sua carreira. É papel de cada profissional buscar aquisição e consolidação de conhecimentos, além de manter-se capacitado para assumir novos desafios.

É fundamental exercitar a capacidade analítica e o raciocínio lógico e estratégico para conseguir acompanhar as mudanças que ocorrem no mercado e dentro da organização; ler o contexto organizacional e do mercado, traçar cenários e se predispor a agir focado nos resultados com foco na superação constante.

Para finalizar, a administração pós-crise se completa com a solicitação de feedback constante para o aprimoramento das competências requeridas. Assim você se capacita a entregar resultados superiores.



Por Karin Parodi (diretora da Career Center, consultoria especializada em gestão estratégica de Recursos Humanos e Outplacement)

HSM Online
24/08/2009

domingo, 23 de agosto de 2009

Com o mesmo foco do cliente

Na palestra que encerrou o Fórum Mundial de Marketing & Vendas 2009, nesta quarta-feira (19/09), o professor José Carlos Teixeira Moreira falou sobre a necessidade de as empresas aprenderem a trabalhar a relação de valor de seus produtos com seus clientes. Para isso, diz ele, é necessário dar mais atenção às necessidades e sonho dos interessados no que você produz para, no final, os dois se sentirem beneficiados. É o que ele chama de lucro sustentável. “Significa pensar em como nossas contribuições podem melhorar a vida das pessoas”, resume.
Conquistar a confiança e a fidelidade de um cliente nos dias parece tarefa árdua. Afinal, estão cada vez mais informados, com maior disponibilidade de tecnologia sendo utilizada ao seu favor e a competição que não para de crescer. “Um sujeito vai ao médico e sabe mais sobre novos métodos de tratamento que o próprio especialista, porque leu na internet a respeito”, exemplifica Teixeira Moreira. “E vamos pedir para nossos clientes se informarem menos? Não! Se mudam as margens, mudam os comportamentos.” A saída, explica, é fazer com que o valor do produto fale mais alto que as coisas mais visíveis.
É preciso deixar para trás a ideia de que valor e preço são sinônimos. Valor, afirma o palestrante, pode ser medido em duas dimensões: a que tudo se dá por questão de lógica a que entende valor por um significado. Segundo ele, o valor tem um nível instrumental e outro essencial. O primeiro pode ser resumido na equação ‘valor é igual a benefício menos sacrifício’. O essencial é saber que posso ser melhor. Decidir qual o tipo de valor procurado depende diretamente do nível de desenvolvimento pessoal de cada um. Pessoas altamente desenvolvidas do ponto de vista pessoal e espiritual sabem discriminar bem, mas as menos desenvolvidas confundem os dois.
Quem tenta demonstrar valor transforma seu cliente em auditor do que lhe foi prometido, enfatiza suas contrariedades e tende a deixar todas ofertas num mesmo patamar. “O máximo que uma empresa pode fazer é dizer quanto custa seu produto. Seu valor, cabe ao cliente decidir”, anota. Com base nessa tese, não é difícil mostrar ao mercado qual desses tipos de valor se encaixa no perfil de seu negócio. “O que leva alguém a estabelecer uma ligação forte com um negócio é a confiança que eles adquirem nas pessoas e seus valores.”
Em outras palavras, Teixeira Moreira sugere a mudança do foco no cliente para o foco do cliente. “O ser humano passa 70% do tempo pensando no futuro. Quando você sonha, se transporta para frente. O futuro está na base do nosso valor, que é primo-irmão da prosperidade”, diz.. Para facilitar a compreensão do conceito, ele cita o exemplo de um vendedor de pianos: enquanto o foco no cliente vê um instrumento com 88 teclas, o do cliente vê infinitas canções. Afinar o discurso e olhar para o mesmo horizonte que o público-alvo é o segredo nessa relação.
Ao observar uma situação sob a mesma perspectiva do consumidor, num exercício de imersão em sua realidade, diz, fica mais fácil entender suas necessidades de maneira antecipada, possibilita a concepção de ofertas mais inteligentes e facilita a percepção do valor de seu produto. Isso o transforma em admirador e promotor, além de gerar relações de cooperação e possibilita a construção de histórias em comum. “Mudar essa relação e tirar o foco do próprio umbigo é um esforço necessário, pois quem olha para o cliente está de costas para o que ele quer”, explica.
O resultado desse tipo de práticas, baseadas em uma conduta ética e na geração de utilidades genuínas, transforma uma empresa em querida e respeitada pela sociedade. Em casos assim, o lucro nada mais é que uma consequência merecida, pois o mercado conspira a favor. “As oportunidades sempre correm atrás de quem oferece mais capital de valor”, anota.

HSM Online
19/08/2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Kotler foi generoso ao aconselhar aos profissionais

Ao desenvolver o tema “estratégias de marketing em tempos de turbulência”, Philip Kotler chamou a atenção para a necessidade de lidar adequadamente com as mudanças externas à empresas e encontrar, nelas, oportunidades.
Kotler deu início à sua palestra em clima descontraído, pontuando alguns sinais que lhe indicam que coisas diferentes vêm acontecendo. “Os CEOs passaram a jogar minigolfe, porque não têm mais dinheiro para jogar golfe no campo”, brinca ele. Para o professor, a conjuntura atual não é apenas de recessão: globalização, desregulamentação, regionalização, privatização, internet, tecnologias de rede, convergência digital, hiperconcorrência, tecnologias de ruptura, “comoditização”, proliferação das mídias, transformação do varejo, preocupações ambientais, aumento do poder do cliente e o fenômeno China-Índia são vetores de grandes transformações que estão em curso. Para ele, as mudanças serão cada vez mais frequentes.
Muitas oportunidades são geradas na recessão, segundo Kotler. Ele ressalta, contudo, que as empresas que se saem melhor na turbulência são aquelas que entregam muito valor pelo dinheiro do consumidor desde o início, a qualquer tempo. “É o caso do Wal-Mart e também do McDonald’s e da Southwest Airlines”, exemplifica.
Mas o que fazer na recessão? “Depende do perfil estratégico da empresa”, diz Kotler.
Qual o perfil da sua empresa?
Uma empresa forte, para Kotler, é aquela que está bem em finanças e em marketing. “Devem, na turbulência, comprar concorrentes ou seus ativos e aumentar investimentos em marketing”, recomenda. Se a empresa, porém, é forte em finanças, mas fraca em marketing, deve fortalecer a equipe de marketing e adquirir algumas marcas fortes, para tornar-se forte como um todo.
Outras empresas chegam à recessão com o seu marketing em ordem, mas estão fracas financeiramente. “Elas devem procurar gerar mais caixa, cortando despesas, renegociando com fornecedores e aperfeiçoando os processos”. A pior situação é a das empresas que estão fracas em marketing e finanças. A essas, Kotler diz: “É melhor fechar as portas e salvar o que estiver à mão. Não esperem muito tempo, porque vão receber cada vez menos pela empresa”. Essa empresa não poderá se transformar de fraca em forte.
Um dos erros que se comete em uma crise é colocar todas as energias da empresa no gerenciamento do presente, isto é, no corte de gorduras e na operação. Kotler aconselha insistir nos produtos que já estão prontos e desenvolver uma nova estratégia. “O que mantém uma empresa viva é o sonho. Salvar a empresa e esquecer todos os sonhos não é certo”, alerta.
Conselhos para marketing e vendas
Kotler foi generoso ao aconselhar aos profissionais de marketing e vendas sobre o que fazer em épocas de dificuldades. Confira alguns de seus conselhos:
- garantam o market share nos seus principais segmentos de clientes. “Não deixem que seu mercado principal seja afetado por suas medidas. Permaneçam próximos dos seus clientes principais”. Servindo melhor os principais segmentos de clientes, as empresas podem reduzir o o market share dos concorrentes;
- estudem melhor o cliente, cujas necessidades estão mudando. “Os vendedores não podem ser folhetos ambulantes faladores. É preciso saber sobre os problemas que estão preocupando o cliente”, diz Kotler;
- concentrem-se em tudo o que for seguro e enfatizem os valores essenciais. “Proteja aquilo que representa a sua marca”.
- abandonem rapidamente os projetos, anúncios e promoções que não dão certo;
- abandonem clientes, segmentos, localizações e produtos não lucrativos. “Alguns clientes você deseja que deixem sua empresa, para que atrapalhem a vida do concorrente”, diz o palestrante;
- tentem aumentar o orçamento de marketing, para investir em pesquisas, testar novas segmentações, alterar as características de um produto, bancar um lançamento promissor, aproximar-se dos clientes-chave e explicar-lhes por que ainda faz sentido comprar o seu produto;
- não deem descontos em suas melhores marcas. “Sua marca principal tem o seu preço. Isso é especialmente verdadeiro para as marcas de luxo”.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cliente compra produto ou marca?

Definindo Marca: segundo a lei brasileira, é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas.

Em uma definição bastante simples de Philip Kotler: “a marca tem o propósito de identificar bens ou serviços de uma empresa e de diferenciá-los dos concorrentes”.
O valor de uma marca. Imagine que você está num supermercado. Você está com uma imensa vontade de comer aquele biscoito; portanto, segue até a prateleira já conhecida. De repente, você toma um susto: todos os biscoitos estão embalados de maneira igual, envoltos numa embalagem padrão e sem nenhuma marca que os identifique. Todos iguais, absolutamente sem aquilo que faz você guiar as suas escolhas no mercado: um sinal, um nome, uma figura, uma forma, uma identidade, enfim, uma marca.
As marcas não fugiram dos biscoitos. Esta cena serviu apenas para mostrar como seriam as coisas caso os produtos ou serviços, postos à venda no mercado, não possuíssem uma marca. Marcas são pontes entre as pessoas. Produtores, fornecedores, comerciantes, consumidores, todos precisam estabelecer relações em que valores são construídos e compartilhados. Nesse sentido, as marcas atuam como elementos que potencialmente agregam valor às coisas. São ferramentas poderosas e freqüentemente podem agir em favor de uma empresa – embora, quando não cuidadas, depreciem sua imagem. Na maioria das vezes, constituem o ativo mais valioso das firmas, sendo inclusive alvo de transações comerciais sem precedentes. Marcas inspiram qualidade, evocam lembranças, atraem desejos. Portanto, merecem investimento e proteção. E a maior proteção de uma marca é o seu registro junto ao INPI.
Outros exemplo, agora com marcas conhecidas: Bom-bril – palha de aço, Danone – Yogurte, Omo – Sabão em pó, Ypê – detergente, Imbra – implantes odontológicos, Sorridents – consultórios odontológicos, Confort – amaciante, Coca-cola – refrigerante, Brastemp – geladeiras, Rolex – relógio, entre outros.

Uma boa marca vai além da mera identificação por um nome ou logo. Ela transmite uma série de informações, associações e expectativas, que contribuem para a diferenciação em relação à concorrência. Essas associações positivas devem prevalecer de tal modo que se possa cobrar mais caro por isso.

“Num cenário em que o consumidor não tem tempo a perder, a imagem positiva de uma marca é o aval que ele necessita para uma decisão de compra rápida e segura. E isto tem valor para o cliente”.

Definindo Produto: é algo que pode ser oferecido em um mercado para satisfazer a um desejo ou necessidade. É muito mais do que apenas um objeto físico. É o pacote completo de benefícios ou satisfação que os compradores percebem que eles obterão se adquirirem o produto. É a soma de todos os atributos físicos, psicológicos, simbólicos e de serviço.

Existem três pontos chaves que são de inegável importância em qualquer oferta:

Qualidade: Tem a ver o quanto está perfeito o seu produto, se satisfaz o desejo ou necessidade do cliente. Neste item podemos eliminar deficiências e fortalecer os pontos fortes que tornam a qualidade do produto percebida e favorece a aceitação do mesmo.
Apresentação: Pode ser um diferentecial entre a escolha de seu produto ou de seu concorrente, não só pela qualidade, mas também por forma, cores, embalagem, exposição, sem dúvida alguma influenciam na decisão de compra.

Marca: Construção de uma marca forte para seu produto é consequência de um relacionamento satisfatório com seu mercado-alvo. Quando esta identificação positiva se torna forte o bastante, sua marca passa a valer mais do que o próprio produto oferecido.

“Um produto pode ser copiado pelo concorrente, uma marca é única”.

“Um produto pode se tornar ultrapassado rapidamente, uma marca de sucesso é eterna”.

O ideal é fazer com que um produto se torne uma marca nas mentes e nos corações de seus consumidores. Com isso conquista-se o mercado e valoriza a marca.


Celso Patricio Neto
Administrador - MBA em Gestão de Negócios
celsopn@ig.com.br
www.twitter.com/celsopneto

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Rápido e flexível

Philip Kotler fala por que as verdades antes inquestionáveis do marketing podem falhar no ambiente atual.

Não é segredo para ninguém que a mudança é a verdade dominante do mundo. Nem mesmo ignoramos que o ritmo da mudança é cada vez mais veloz. Há duas forças inter-relacionadas que determinam o panorama econômico atual: a tecnologia e a globalização.

O desenvolvimento tecnológico, sobretudo após a proliferação da internet, modificou por completo a forma de proceder das organizações de todos os níveis. Os avanços tecnológicos modificam os padrões de pensamento das pessoas. Introduzem um novo código, e, assim, cria-se uma nova linguagem. Foi também esse desenvolvimento tecnológico, com as novas ferramentas que ele introduziu, que permitiu que o fenômeno da globalização ganhasse força. A visão de “aldeia global”, da qual Marshall McLuhan falava nos anos 1960, é hoje uma realidade palpável.

Há outras forças que impulsionam mudanças e que contribuem para a reformulação da economia. Os monopólios estão desaparecendo devido à crescente desregulação, que permite a entrada de novos concorrentes, o que antes era vetado. A privatização, que pôs nas mãos das empresas privadas serviços que costumavam ser prestados pelos órgãos governamentais, também gerou grandes mudanças no panorama econômico, abrindo-o ainda mais. Essa abertura dos mercados em todos os seus níveis fez com que hoje o panorama seja cada vez menos previsível. Com isso, é crucial ser cada vez mais adaptável. As empresas já não podem confiar nas velhas práticas dos negócios, que, até há não muito tempo, eram verdades inquestionáveis.

Tradicionalmente, havia certas práticas vencedoras no marketing, que prometiam sucesso às empresas. Contudo, já não podemos aplicar essas regras matematicamente –já não são fórmulas absolutas e cada uma delas tem seu revés. Descreverei cada uma e detalharei por que não podem mais ser aplicadas inquestionavelmente.

1. Ganhar por meio da mais alta qualidade. Não há apenas um padrão de qualidade. Os diferentes clientes priorizam diferentes aspectos de um mesmo produto. Por outro lado, é cada vez mais homogêneo o nível de qualidade que alcançam os diferentes concorrentes de um mercado, e chegar ao nível máximo de qualidade pode ser muito oneroso e pode pôr em risco a rentabilidade de um negócio.

2. Ganhar por meio de um serviço superior. A ordem de importância dos atributos de um serviço não é a mesma para todos os clientes, daí ser difícil atender a todos por igual.

3. Ganhar por meio dos preços baixos. O afã de baixar os custos para conseguir o melhor preço pode pôr em risco a qualidade do produto ou do serviço oferecido.

4. Ganhar por meio da maior participação no mercado. Não é garantia de sucesso. Há muitas empresas líderes em seus mercados que, por seu tamanho grande e por sua infraestrutura, não conseguem manter a rentabilidade.

5. Ganhar por meio da adaptação e da personalização. Este esforço pode gerar custos muito altos.

6. Ganhar por meio da melhoria contínua do produto. Há certos produtos que alcançam rapidamente o limite de suas possibilidades de melhorias.

7. Ganhar por meio da inovação do produto. O porcentual de fracasso no lançamento de novos produtos é alto, o que faz com que esse tipo de iniciativa seja perigosa.

8. Ganhar por meio da incorporação a mercados de alto crescimento. Nesse tipo de mercado, os produtos têm uma alta obsolescência e são necessários investimentos contínuos para garantir a permanência da empresa, o que gera custos fixos muito altos.

9. Ganhar por meio da superação das expectativas dos clientes. Os clientes são cada vez mais exigentes e as empresas devem contentar-se me conseguir atingir suas expectativas altíssimas.

Como elaborar, então, uma estratégia de marketing ganhadora?

Não há receitas mágicas a seguir. Não há leis universais para guiar os movimentos no âmbito econômico atual. Casa empresa deve forjar sua própria estrutura de qualidade e atividades de marketing. Uma estratégia sólida diferenciará uma empresa de suas concorrentes. Uma estratégia sólida não é fácil de imitar, já que inclui diversas variáveis dentro da arquitetura estratégica.

Os desafios que hoje enfrentam as empresas são enormes. De um lado, satisfazer os consumidores de seus produtos e serviços, que se caracterizam por ser mais exigentes, ser sensíveis aos preços, possuir altas expectativas, ser pouco sensíveis à marca e ser muito menos leais. Para satisfazer os consumidores, é imprescindível que se desenvolva uma estratégia sob-medida. As empresas que fazem marketing inteligente melhoram seu conhecimento sobre o cliente e sobre as tecnologias de conexão com ele. Convidam-no a participar do design do produto, integram comunicações de marketing, apelam para mais tecnologias, estão à disposição de seus clientes permanentemente e associam-se aos seus canais de distribuição. Em suma, oferecem um valor superior.

O futuro é hoje
Em 1999, escrevi como seria o marketing do ano 2005. Volto a ler aquelas palavras e me vejo diante de uma descrição do conjunto de empresas que hoje focam o futuro.
Há uma “desintermediação” considerável entre atacadistas e varejistas. Os varejistas, consequentemente, em vez de vender uma variedade de produtos, vendem uma experiência. É importante criar planos de desenvolvimento de lealdade para reter os clientes que são cada vez menos fiéis. As bases de dados são continuamente atualizadas e as ofertas se adaptam às preferências de cada cliente. Muitas organizações conseguiram ajustar as cifras de rentabilidade por segmentos, consumidores individuais, produtos e canais.

A interação das organizações com seu entorno é cada vez maior. A publicidade tradicional deixou de existir. As empresas decidem destinar cada vez mais de sua verba publicitária para caminhos não-tradicionais de promoção.

Está claro que a maneira de proceder nos mercados deve mudar ao ritmo em que muda o mundo. As empresas de sucesso serão –e já são– aquelas que fizerem com que seu marketing seja tão dinâmico quanto o mundo em que vivemos.

Por Philip Kotler é o premiado autor de Administração de Marketing, entre outros mais de 20 livros cujas vendas superam cinco milhões de exemplares em 58 países. Kotler é um dos palestrantes do Fórum Mundial de Marketing e Vendas da HSM, que acontecerá em 18 e 19 de agosto, em São Paulo.
HSM Online
14/08/2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O valor está no intangível

Há cerca de um ano e meio atrás, a Microsoft apresentou proposta de aquisição do Yahoo. A oferta foi de 44,6 bilhões de dólares o que equivale a 31 dólares por ação, um ágio de 62% com relação ao preço de fechamento das ações do Yahoo na Nasdaq, no dia 31/01/2008.
Daí vem as perguntas: "Quanto vale uma empresa da nova economia? Como medir o seu valor nos tempos atuais?".
Para isso, precisamos entender a mudança que estamos passando atualmente na economia e na sociedade. Uma transformação que, segundo Peter Drucker, iniciou-se há, pelo menos, dois séculos com a aplicação do conhecimento ao conhecimento e trazendo a necessidade de uma gerência eficaz.
Como Drucker escreveu em seu livro "Sociedade Pós-Capitalista": “A cada dois ou três séculos ocorre na história ocidental uma grande transformação. Em poucas décadas, a sociedade se reorganiza - sua visão do mundo, seus valores básicos, sua estrutura social e política, suas artes, suas instituições mais importantes. Depois de cinqüenta anos, existe um novo mundo. E as pessoas nascidas nele não conseguem imaginar o mundo em que seus avós viviam e no qual nasceram seus pais.”
O leitor pode estar perguntando: "Qual é a relação dessa transformação com a introdução do texto sobre a proposta de aquisição do Yahoo pela Microsoft?"
Tem tudo a ver porque essas transformações mudaram a maneira como os negócios são avaliados hoje. No século passado uma empresa era composta de 85% de capital tangível como valores financeiros e patrimônio (máquinas, mobiliário…), e os 15% restantes da empresa era capital intangível (conhecimento). Neste século, esses percentuais inverteram-se, passando a empresa ser composta de 85% de capital intangível, conforme figura abaixo. Isso explica o porque da Microsoft fazer uma proposta de aquisição com valor de 62% acima do valor de mercado do Yahoo. Proposta essa que não foi aceita pelo conselho de diretores do Yahoo que considerou baixa a proposta.
Diante dessa mudança, onde os ativos intangíveis passaram a ser preponderantes sobre os ativos tangíveis, a dificuldade está em estabelecer qual o valor real de uma empresa. O instrumento atualmente utilizado para medir o valor das empresas é a contabilidade que tem como função prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio da empresa, segundo o Conselho Federal de Contabilidade.
Note que o foco está em patrimônio, onde podemos supor que a contabilidade atual consegue definir o valor de uma empresa do século passado, mas não está adaptada para medir o valor de uma empresa do século XXI. Realidade essa referendada pelo mercado acionário que, há muito tempo, sinaliza que os registros e balanços contábeis não decidem mais o valor das companhias. O humor do mercado de ações varia muito mais em função das novidades intangíveis do que evolução dos indicadores financeiros.
Tomemos como exemplo uma empresa de consultoria. Como poderemos avaliar o valor de uma empresa de consultoria? Pelos móveis e computadores existentes ou pelo conhecimento e experiência dos consultores da empresa?
E no caso do Yahoo? O que a Microsoft comprará? Mesas, cadeiras, computadores, prédios? Claro que não. Ela está comprando a capacidade de inovação do Yahoo e uma estrutura de serviços para fazer frente ao seu principal concorrente que é o Google, além de entrar de vez no mercado de Internet.
A pergunta é: "Caso a proposta de aquisição seja feita, O que faria a Microsoft se os colaboradores do Yahoo resolverem pedir demissão ou receberem uma proposta de maiores benefícios por parte do Google?"
O que podemos notar é que o capital intelectual (intangível) tem um peso muito maior no século XXI do que no século passado. A dificuldade estará em estabelecer padrões que possam medir a importância desse capital para o desempenho e geração de lucros pelas empresas.
Como disse Peter Drucker: “A revolução da informação representa um nítida transferência de poder de quem detém o capital para quem detém o conhecimento.”
O desafio está lançado. Para finalizar, uma última pergunta: "Nossos gestores estão preparados para administrar esse capital e transformá-los em resultados?"

Por Marcelo Bastos (http://hsm.updateordie.com/author/mbastos/)
Texto publicado originalmente no Blog da HSM.
HSM Online
24/07/2009